segunda-feira, 16 de junho de 2014

norbert elias - fragmentos de um fichamento

Fonte imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgv6F75ea-fTVUfoDk-lOyJJe4232gU0ohyvtWouEP5pm7cmL6XZtVsxqgNOtlZ-1yxcxGLGh0xrbVM_YwhvzNyPWnHa9rtd-PCVtU9IlqVAKVMaHf1XrkPWkhTk2sc9CSlIO1-1Rw1kqY/s1600/Integra%C3%A7%C3%A3o.jpg





Na discussão das relações entre indivíduo e sociedade, Elias já em 1939, aponta as dificuldades de se entender o que são indivíduos e o que é a sociedade e, por extensão, as dificuldades para transpor o abismo teórico que se instala entre essas duas noções. Reproduzo abaixo um pequeno trecho que ajuda a entender um aspecto particular do que é de fato a democracia Ocidental e os seus limites quanto as mudanças sociais que muitos de nós acreditamos ser necessárias para alcançar uma sociedade mais justa e igualitária.




[...] No Ocidente, as pessoas não se reuniram, num determinado momento, como que vindas de uma situação desprovida de relações, para, através de uma votação expressando a vontade da maioria, decidirem distribuir, de acordo com o esquema atual, funções como as de comerciante, diretor de fábrica, policial, operário. Ao contrário, as votações e eleições, as provas não sangrentas de força entre diferentes grupos funcionais, só se tornaram possíveis, enquanto instituições permanentes de controle social, quando aliadas a uma estrutura muito específica de funções sociais. Por baixo de cada um desses acordos cumulativos há, entre essas pessoas, uma ligação funcional preexistente que não é apenas somatória. Sua estrutura e suas tensões expressam-se, direta ou indiretamente, no resultado da votação. E decisões, votações e eleições majoritárias somente podem alterar ou desenvolver essa estrutura funcional dentro de limites bastante estreitos. A rede de funções interdependentes pela qual as pessoas estão ligadas entre si tem peso e leis próprios, que deixam apenas uma margem bem circunscrita para compromissos firmados sem derramamento de sangue – e toda eleição majoritária é, em última análise, um acordo desse tipo. (ELIAS, N. A sociedade dos indivíduos. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed., 1994.ELIAS, 1994 [1939], p.22-23).

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